Ao longo dos últimos séculos, as cidades simbolizaram o progresso e a manifestação da modernidade. As cidades poderiam ser radiosas, verdadeiros jardins-urbanos, as cidades seriam o amanhã a partir do ontem e do hoje. Para promover a feliz confluência da razão e da técnica, da funcionalidade e da beleza em um espaço urbano citadino e eqüitativo, teríamos uma disciplina particular, que organizaria os lugares e as coisas na cidade. O urbanismo nasce marcado pelo desejo generoso de conciliar interesses, funções e usos urbanos. Nos últimos trinta anos, as cidades perderam esse caráter utópico e sonhador de cidades do amanhã, transmutando-se nas cidades do hoje, passando a ser objeto de amores e ódios: transformaram-se em solução para alguns e em problemas para outros. Assim sendo, podemos qualificar a cidade como um produto do mercado? Este é o objeto de análise de Pedro Abramo, que reconstrói os componentes e os vínculos da Economia Espacial Neoclássica contemporânea. A sistematização das teorias econômicas sobre a estruturação interna das cidades é o tema principal de Mercado e Ordem Urbana - Do caos à teoria da localização urbana. Hoje, a teoria neoliberal é a principal influência das políticas urbanas. Na obra, Pedro Abramo, um teórico heterodoxo, propõe uma releitura desta cidade ortodoxa. É o primeiro livro editado no país que sistematiza a teoria neoliberal da cidade e tem como público-alvo os gestores de cidades, planejadores urbanos, geógrafos, arquitetos urbanistas etc. Abramo se encarrega de explicitar os fortes vínculos entre esta formalização e o liberalismo, uma concepção geral da sociedade que é muito particular e que suscita ainda mais controvérsias, afirma Samuel Jamarillo, da Universidade de Los Andes.