Sonhos sorteados é uma obra que nos faz refletir sobre as políticas públicas brasileiras, as condições de sobrevivência dos cidadãos: seus respectivos direitos e deveres. A personagem de Dona Elvira retrata a difícil situação vivida por muitos pais em nosso país: acordara bem cedo e estava decidida a vestir sua roupa de missa, embora não fosse o dia. Ela iria à escola matricular Carolina, sua filha, tão inteligente, tão interessada em aprender. Quando chegou ao portão da escola, quatro e meia da manhã, Dona Elvira não acreditou: a fila já estava grande. Não tinha jeito, senão esperar. Na fila, conheceu Dona Joaquina, que também tentava uma vaga para um dos seus seis filhos. A espera foi grande, até que deram à Dona Elvira um número de sorteio. Como podia ser assim? Sortear para estudar? No lugar em que morava jamais tinha passado por uma tensão assim... Quando restavam somente duas vagas, Dona Elvira ainda aguardava o sonho a ser realizado. E foi na última vaga, quando o senhor disse o último dígito, que Dona Elvira teve vontade de gritar e deixou uma lágrima escapar. Alexandre Azevedo com essa história também nos deixa a mensagem da importância da força da fé, da esperança, do amor e da união familiar, afinal esses são tesouros que não precisam de sorteio, se tomarmos posse, eles nos acompanharão por toda a vida.