A obra agora apresentada ao leitor foi, inicialmente, elaborada como tese de doutorado. Fundamentando-se em farta documentação original, o autor se ateve em reconstituir um tema e momento polêmico da história da igreja: o Concílio Vaticano II e suas consequências para o catolicismo. A partir da análise de duas dioceses do interior paulista, buscou-se reconstituir o cenário de preparação para o anúncio do Concilio em 1959 no âmbito da Igreja como um todo, com destaque para os movimentos organizados pelos católicos como a Ação Católica e o Movimento por um Mundo Melhor. A partir da releitura das ações dos principais personagens representativos do catolicismo local: bispos, clero e leigos militantes, o trabalho aborda toda a concepção de Igreja presente na elaboração dos documentos do Concílio. A democratização da Igreja, pelo Concílio, ao viabilizar uma maior participação dos padres, religiosos e leigos nas ações e decisões da Igreja, redundou na formação de diversos modelos de Igreja. Os mais destacados foram os que aceitaram o espírito do Concílio e os que se mantiveram presos à Igreja conservadora pré-conciliar. A obra analisa alguns conflitos entre o modelo conservador e a progressista de Igreja como a dos chamados padres rebeldes (trinta e dois) ao deixarem a diocese de Botucatu em 1968, por se recusarem ser comandados por um bispo conservador. Este caso teve repercussão mundial e foi um motivos do retrocesso nos avanços que o Vaticano II tinha dado. Por outro lado, na Diocese de Bauru, em 1970, foi nomeado um bispo progressista para governar um clero conservador. Enfim, conclui-se que a alta hierarquia retomou o controle do governo da Igreja católica impondo profundos limites às reformas trazidas pelo Concílio.