Inspirada pelas idéias do filósofo espanhol Juan Luis Vives no livro O socorro aos pobres, a autora traça neste ensaio um amplo panorama da pobreza no mundo, acompanhando, do Renascimento aos nossos dias, a longa jornada dos homens à margem da história: da Europa e da África à "nossa América". Além de denunciar o pouco peso da economia brasileira na economia mundial - paradoxo indecoroso à vista de uma nação de 180 milhões de habitantes cujo produto nacional bruto é dez vezes menor que o dos Estados Unidos - ela aponta a ação deletéria dos mais afortunados, ocupados em roubar os cofres públicos. Autora, entre outros livros, do romance histórico Joaquina, a filha do Tiradentes e dos ensaios A literatura e o gozo impuro da comida, Refrações no tempo e Os males da ausência ou A literatura do exílio, publicados pela Topbooks, a mineira Maria José de Queiroz sempre mereceu grande respeito dos intelectuais em geral: o cronista Otto Lara Resende chamou-a de "uma escritora para quem a aventura humana freqüenta, com igual familiaridade, os quatro pontos cardeais"; o historiador Moacyr Werneck de Castro destacou sua "linguagem fluente, bem cuidada e precisa", enquanto o contista João Antônio afirmou que em seu trabalho ela "conjuga forte expressão narrativa, autonomia de pensamento, dedicação absoluta ao prazer da escrita e respeito ao leitor".