Quando entramos nessas páginas, percebemos que estamos diante de uma poesia que abraça o ritmo e o som, uma sinfonia eterna das palavras, que seduzem e plantam a semente do sentido uma centelha que não será apagada. O livro desdobra-se num campo fértil da linguagem, onde as palavras encontram seu alimento em uma observação minuciosa da paisagem que nos cerca: animais, pedras, plantas e pessoas. Com rara sensibilidade e refinamento métrico, Mauricio Vieira nos conduz a uma travessia literária amadurecida, onde a musicalidade é escutada tanto quanto é vista. Com sutis experimentações visuais e a habilidade de cultivar diferentes idiomas, seus poemas desabrocham, renunciando às rimas quando necessário, para florescerem em perfeita consonância com seu conteúdo. Do inusitado para o papel, do papel para a solidez, emerge a arquitetura textual que sustenta a escrita de Mauricio Vieira. Seus temas são abordados com sabedoria, sempre desafiando os limites da inventividade. [...]