Sobre o pano de fundo da discussão das teorias raciais que infestaram os meios intelectuais brasileiros no começo do século XX, o escritor compõe uma história viva da cultura popular baiana e discute a reconstrução deturpada do passado pelos detentores do poder político, intelectual e econômico. Na Tenda dos Milagres, na ladeira do Tabuão, em Salvador, onde o amigo Lídio Corró mantém uma modesta tipografia e pinta quadros de milagres de santos, o mulato Pedro Archanjo atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afro-descendente da Bahia. Autodidata, seus estudos sobre a herança cultural africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista. A história é contada retrospectivamente, em dois tempos. Em 1968, a passagem por Salvador de um célebre etnólogo americano admirador de Archanjo desencadeia um revival de sua vida e obra. Para a comemoração do centenário de nascimento do herói (...)