Saudamos a poesia de Thiago Cervan e seu cristal vermelho, a desunificação do mundo a nado pelo refugiado sírio, com tantos outros foragidos do sistema econômico em naufrágio de onde, se ouvi alguém falar em fuga, só se for sobre os cadáveres da escória almirantada de botas rangentes no convés como no céu, direto para o inferno. Uma avaliação mais precisa acerca do bem e do mal, respaldada na dura matemática da dominação material e sua contestação na ponta do lápis, envolve riscos, comoao se fazer uma poesia dita objetiva, fotografar a vida tal como ela teve a pachorra de ser, cuidar para que não surrupiem o poema as dicotomias laicas, tanto vistas em eleições quanto em golpes de estado, até que o banqueiro se torne serpente e a sirene do camburão corneta do apocalipse, e no mesmo passo suster o fôlego criativo sem ordenar as emoções com motes desgastados. este é um desafio poético que Cervan resolve com notável habilidade