Em diversas capitais da Europa, mais de 50% das crianças que nascem por ano já são filhas de imigrantes; e cada vez mais mulheres européias decidem não ter filhos. O que acontece quando uma baixa taxa de natalidade colide com uma imigração descontrolada? Na contracorrente das análises politicamente corretas, Walter Laqueur, um dos mais importantes historiadores da atualidade, critica a imigração maciça de populações da Ásia, da África e do Oriente Médio para os países europeus - sobretudo porque estas levas de imigrantes não buscam a assimilação nas sociedades européias, mas apenas se beneficiar dos generosos serviços sociais oferecidos por aqueles países. Isso acaba levando à multiplicação de guetos e ao aumento da xenofobia entre os europeus nativos. Este é um dos temas abordados de forma corajosa e polêmica em 'Os últimos dias da Europa - epitáfio para um velho continente', do historiador americano de origem alemã Walter Laqueur. Ele acredita que a Europa está atravessando uma crise de identidade sem precedentes na História. Mas Laqueur, autor de mais de vinte livros sobre o terrorismo, o fascismo e o anti-semitismo, não se limita a apontar o impacto da imigração (sobretudo de muçulmanos) nas sociedades européias. A questão demográfica é séria, mas ainda mais grave é a crise de valores políticos, culturais e sociais que afeta o continente. Crise que se reflete na - e é resultado da - decadência do sistema educacional. Por exemplo, uma pesquisa de opinião revelou em 2005 que mais de 40% dos muçulmanos britânicos achavam que os judeus são um alvo legítimo para ataques terroristas. Laqueur associa a crescente vulnerabilidade da Europa à fúria de minorias extremistas com o excesso de tolerência e autocrítica dos líderes europeus, cujas políticas fracassaram na integração e aumentaram as tensões sociais, em vez de diminuí-las. No terreno da economia, a maioria dos países da Europa vem apresentando baixas taxas de crescimento há anos, o desemprego aumenta e a produtividade não cresce. Ao mesmo tempo, a carga dos benefícios sociais e trabalhistas vem se tornando insuportável para os governos. Desenvolveu-se, além do mais, um ambiente de aversão ao trabalho, com semana de 35 horas e férias prolongadas. A longo prazo, as políticas de bem-estar social afetaram a competitividade das empresas, geraram apatia econômica e demonstraram ser insustentáveis. Somem-se a isso tudo os impactos provocados pelas dificuldades do processo de unificação e pela instabilidade econômica da Rússia, e o resultado é assustador. Se não demonstrar capacidade de renovação, a Europa pode se transformar em pouco tempo numa espécie de museu temático, de parque cultural jurássico, adverte o autor. Baixa taxa de crescimento demográfico, alta taxa de imigração, políticas de bem-estar social dispendiosas e problemas na unificação. Nesse contexto, os desafios que a Europa enfrenta, adverte Laqueur com consternação, podem ser mortais. Na verdade, a Europa que ele conheceu profundamente já está desaparecendo. E aos que consideram suas análise excessivamente pessimistas, alarmistas e sombrias, ele lembra que os museus estão cheios de restos de civilizações desaparecidas.