Lapidadas com precisão de ourives, as frases obedecem à partitura de seu criador. Cabem no tempo da respiração. Poucas palavras, imenso impacto. Os diálogos nos fazem enxergar atrás da porta. Mas o que se esconde neste universo tão particular e, ao mesmo tempo, tão familiar? Vidas em segredo, dilemas morais, motivações escusas, nada escapa ao autor paulista, vencedor do Prêmio Governador do Estado de 1967. São dez contos: três inéditos, que acenam para os males contemporâneos do País, e sete publicados originalmente em 1973 – reescritos, que ressurgem sem perder viço nem tensão. Afinal, as palavras podem mudar, mas continuamos em território habitado por seres obtusos, de mãos crispadas e lágrimas ressecadas, imersos em lembranças que arrepiam. Afiadas, as histórias de Carbonieri perturbam. Atordoam. Podem até sangrar – e fazer sangrar. Por isso, depois de percorrer as páginas de “Os gringos”, não somos mais apenas leitores. Somos testemunhas. Cúmplices.\r\n