As anti-ilhas de Anarquipélago, primeiro livro do autor, publicado somente em 2013, seguiram uma carta náutica de aventuras e naufrágios. A poesia à deriva no mar expurgado de mitos não é salvação nem inferno, apenas o fôlego necessário à construção de poemas. A segunda obra, Movimento suspeito, afastou-se da linha d’água entre pneuma e sufoco para mergulhar na natureza instável da experiência criadora. Nesse movimento em expansão circular e proteica, a poesia, potência de liberdade, carrega sempre a marca da suspeita, o que leva o poeta a habitar um não lugar. É dessa fenda, desse estranhamento que surgem os poemas. Se neste novo livro, Linha de instabilidade, podemos encontrar os temas tradicionais da poesia, o autor parece atenuar a explosiva intensidade da poética de insurgência que informa seus versos. Organizado em cinco núcleos, vemos na primeira parte: Biografites, a pulverização da tentação biográfica transformada em invenção e reminiscência. [...]