Durante muito tempo subavaliada pela tradição exegética, a Crítica da Faculdade de Julgar 1790 ressurge hoje por aquilo que é na verdade: o coroamento do criticismo, ao mesmo tempo que uma das obras mais profundas que a reflexão filosófica fez nascer organizando a sua reflexão em torno de três eixos a finalidade da natureza, a experiência estética, as individualidades biológicas, Kant afrontava o problema do irracional que, através do desafio lançado por Jacobi às Luzes, fazia vacilar a todo-poderosa razão. Recolhidos e apresentados por Dominique Janicaud, três excelentes textos, reflexões sobre a estética, o paradoxo da ideia estética e Ciência e opinião em A Faculdade de Julgar, escritos respectivamente por Manfred Frank, Jean-Paul Larthomas e Alexis Philonenko, magníficos filósofos contemporâneos, convidam-nos a uma leitura da Terceira Crítica e conduzem-nos a compreender que, para Kant, consolidar a racionalidade era, também, salvar a unidade da filosofia pelo evidenciar da articulação entre razão teórica e razão prática. A Terceira Crítica constituiu, sobretudo, a resposta mais subtil da modernidade ao anti-racionalismo nascente.