A totalidade cósmica é para José Luís Monteiro a totalidade divina. Neste seu conjunto harmônico de poemas, a que deu o título Vozes e Silêncios, os sinais, os secretos apelos que na natureza se inscrevem - na nuvem, na fonte, na luz, nos arvoredos - são as vozes positivas. Com elas o poema é revelação, epifania. (...) A con-fusão do ser com a natureza atinge aqui uma beleza muito sensível, através de por vezes belíssimas metáforas. Mas não é ingênua esta poesia ora cristalina, ora conscientemente opoca. A palavra nela nos surge não só como no veículo da emoção mas como fundamento do ser, capaz de gerar uma nova realidade e não reproduzir o real preexistente. (...) Daí a modernidade deste livro onde uma realidade herdada da bucólica latina, de Bernardim [Ribeiro], de Frei Agostinho da Cruz, se renova incessantemente, por ação de uma consciência crítica atualizada e vigilante