Quando, em várias partes do mundo (Brasil, Rússia, Estados Unidos, Polônia, Hungria, Alemanha etc.), governos e partidos de extrema direita atacam abertamente formas de vida que cada vez mais interpelam a heteronormatividade, um livro que focaliza corpos LGBTQIA+ é, antes de mais nada, um modo de demandar liberdade para nossas existências e de continuar lutando pelo não-ainda. Além disso, quando essas maneiras de engendrar a vida política são também enlaçadas por modelos neoliberais de gerir a economia, que a tudo colocam um preço, inclusive aos corpos, estudar essas vidas que escapam de binarismos sedimentados e valorizados é uma maneira de resistir a tais perspectivas econômicas que insistem em colonizar tudo e a todos. O livro é portantoum modo, à la Butler, de insistir na ideia de que a vulnerabilidade não se separa da resistência. [...]