Numa cidade de mais de dois milhões de habitantes, uma mãe morre e dilacera uma família inteira. Do outro lado do mundo, em festa, um filho tem que interromper a cavalgada em um avestruz para receber a notícia. Sua mãe está morta. A cidade é Belo Horizonte; o filho é Rafael, o narrador deste romance avassalador. Rafael é também o nome do autor deste livro, e eu e você não saberemos se é coincidência ou um pouco mais que isso. Rafael, o autor, escolhe com cuidado as suas epígrafes: Laura Aleixo, Pedro Nava, Drummond, Gabriel García Márquez. Os quatro, juntos, nos dão pistas do que vamos encontrar aqui, neste Dos que vão morrer, aos mortos: uma escrita da intimidade, voltas e voltas no cemitério, a morte tão insistente, inevitável, maldita, inadiável. O nosso lugar no mundo, aqui, onde nos morrem os nossos, no meio da nossa cara, uma ferida aberta. Até quando? Rafael, o autor, dança com a morte como quem dança com um inimigo a quem se deve muito respeito, reverência e (...)