O México de Carlos Fuentes guarda pouca relação com a famosa frase do ex-presidente Porfirio Díaz, que lamentava: "Pobre México; tão longe de Deus e tão próximo dos Estados Unidos." Em Adão no Éden, o México continua longe de Deus (embora profundamente religioso), mas os males que atingem o país não vêm de uma nação estrangeira, mas do coração da sociedade. O premiado escritor põe o dedo na ferida mexicana mais uma vez ao descrever um país assolado pela corrupção, pelo crime e por uma profunda desigualdade econômica. Adao no Éden é a história de Adão Gorozpe, jovem nascido em família de poucos recursos que, graças a méritos pessoais e a um casamento por interesse - com Priscila Holguin, rainha da primavera e filha de Celestino Holguin, empresário conhecido como "o Rei do Pão" -, torna-se um dos maiores advogados do país e figura de destaque na sociedade mexicana. Em nome de sua posição, Gorozpe se submete a rituais sociais e familiares que no fundo despreza, e convive com uma família com a qual não tem qualquer afinidade, com exceção do cunhado, Abelardo Holguin, com quem divide o gosto por cinema e literatura. Toda a estrutura sobre a qual se assenta a vida de Adão é ameaçada com a chegada de seu homônimo: Adão Gongora, recém-nomeado ministro a cargo da segurança nacional, que promove uma política duvidosa - prendendo inocentes e aliando-se a criminosos poderosos - e torna-se um rival amoroso, ao assediar Priscila. A rivalidade evolui para a inimizade declarada e ambos travarão uma batalha pela manutenção do poder, por suas posições na sociedade e por visões distintas dos rumos do país. Narrado em primeira pessoa por Adão Gorozpe, Adão no Éden flerta com o surrealismo e com o realismo mágico, usando de recursos narrativos como saltos temporais e a intrusão na narrativa de notícias de jornal e assuntos diversos, entre os quais um suposto menino Jesus que prega aos pedestres no Centro da Cidade do México e as passagens dos cometas, associados a eventos marcantes na história do México e na trama de Fuentes. O livro é também uma denúncia da hipocrisia nas relações sociais, sobretudo por meio do protagonista, cuja vida é recheada de mentiras: opiniões e afinidades jamais reveladas, um casamento por interesse que se mantém apenas na aparência e um caso de amor extraconjugal com alguém identificado apenas como Ele.Adão Gorozpe é um jovem nascido em família de poucos recursos que, graças a méritos pessoais e a um casamento por interesse, torna-se um dos maiores advogados do país e figura de destaque na sociedade mexicana. Em nome de sua posição, Gorozpe se submete a rituais sociais e familiares que no fundo despreza, e convive com uma família com a qual não tem qualquer afinidade. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista, "'Adão no Éden" flerta com o surrealismo e com o realismo mágico, usando de recursos narrativos como saltos temporais e a intrusão de notícias de jornal e assuntos diversos. Ao contar a trajetória de Adão, o escritor retrata um México assolado pela corrupção, pelo crime e por uma profunda desigualdade econômica.