A(s) cracolândia(s) e todas as mazelas verificadas no seu âmbito persistirão enquanto subsistir a guerra às drogas. Possuem as mesmas raízes, destinos entrelaçados e, por um bom tempo, ainda ocasionarão outras operações 'Sufoco' ou qualquer outro nome que se dê aos sisíficos e desumanos confrontos cotidianos travados em torno da questão das drogas. Em verdade, nenhuma política criminal vinculada à guerra às drogas, ainda que redutora de danos, será plenamente consentânea com os direitos humanos. O proibicionismo já retirou muitas almas, derramou sangue, destruiu famílias, deixou crianças órfãs, subtraiu a juventude, marginalizou e confinou muita gente. O crack é uma de suas facetas mais nocivas e cruéis, mas não é a única, tampouco a última. Em Crack: política criminal e população vulnerável, Rafael Strano registra, primeiramente, diversas considerações sobre política criminal. Na sequência, há aprofundada retrospectiva histórica do impacto causado pela reação social ao crack na política de drogas estadunidense. O livro também relata a chegada do crack no Brasil, e, por fim, como tal conjtura influenciou a política criminal brasileira de drogas, a qual, invariavelmente, atingiu de forma contudente a população pobre, vulnerabilizando-a ainda mais.