Em Senhas, Jean Baudrillard não só reúne os principais conceitos filosóficos de sua obra, mas também analisa as ligações existentes entre os grandes movimentos sociais e a obsessão contemporânea pela produção. À virtualização de nosso mundo, à univocidade do comércio dos signos, às virtudes ilusórias da transparência e às mistificações do valor de mercado, ele contrapõe o caráter pródigo da troca simbólica, o desafio da sedução, o jogo infinito do aleatório e a reversibilidade do destino. A simples enunciação de palavras-chave no título de cada capítulo - o objeto, o valor, a sedução, o obsceno, a transparência, o virtual, o aleatório, o caos, o fim, o crime perfeito, o destino, a troca impossível, a dualidade, o pensamento, e a palavra final - sintetiza a essência de suas idéias, seguindo o princípio estético-pedagógico de um abecedário. Senhas reabre o espaço tanto à liberdade de criação e expressão, quanto ao saudável - e imprescindível - ato de pensar. A ordem das coisas, a ordem das aparências, não pode mais ser confiada a qualquer matéria do saber. O pensamento, eu o quero paradoxal, sedutor - com a condição, evidentemente, de não tomar por sedução a manipulação aduladora, e sim com um desvio de identidade, um desvio do ser. ( Jean Baudrillard)