Este livro coloca a vergonha em foco para avaliá-la, sob o paradigma junguiano, tanto em suas dimensões arquetípica, e pessoal inerentes ao ser humano quanto em sua dimensão estruturante. A vergonha é caracterizada como um afeto inato que brota no interdito, compondo a persona e criando a sombra. Porém, o modo singular de cada indivíduo experienciar a vergonha está intimamente vinculado ao desenvolvimento da autoestima. A história bíblica do Paraíso Perdido é o mito fundador da vergonha/culpa na nossa cultura ocidental, e aparece, a princípio, conectada ao crescimento da consciência, baseada na separação do Self do outro (Eva) e do Deus, resultando na perda do Paraíso e da totalidade original. Esse evento mítico, em especial, pode ser comparado a certas etapas do desenvolvimento da criança. A fase anal caracterizada pela díade aguentar-soltar está conectada com o aparecimento da vergonha. Podemos verificar que a vergonha nos leva à aproximação e ao distanciamento. A função [...]