Deus escreve continuamente pequenos artigos [...]. Depois, toma cada uma dessas gemas e parte-a delicadamente em pedaços mais pequenos. Algumas deixa ficar intactas, mas a muitas divide em secções, várias ligadas umas às outras por fios. Como as conchas no mar, algumas estão inteiras e completas, outras partidas e têm de ser recompostas. Cada um desses textos fica como parte de um quebra-cabeças de minúsculas partes, que o Senhor esconde. Esconde na areia, nos ramos das árvores, nos canteiros das flores. Mas também os esconde na cama, no duche, no passeio da cidade e nas mesas do café, nos bancos do metropolitano e nos corredores das casas. Cada ensaio fica assim dividido em componentes semiocultas, separadas mas agrupadas, à espera. À espera no meio do tumulto da vida, no rumor do campo e da cidade. Foi assim que nasceu este livro.