(...) Outro dia, falava com um amigo que certa poesia feita hoje em dia está bonita demais, mas de uma boniteza que enjoa, como se estivéssemos diante de um tanto de ovos de Fabergé. Claro que são bonitas, quem sou eu pra dizer o contrário? Mas falta-lhes um pouco de imperfeição, um pouco de acaso, um pouco de acidente. Sua poesia pode ser tachada de qualquer coisa, menos de ser artesanato ("meninas" fazem bordado, tricô, patchworking com palavras...). Não estou fazendo nenhum elogio ao confessional, ao espontâneo, à preguiça, de modo algum, apenas acredito que somos imperfeitos demais para buscar tanto equilíbrio e tanta harmonia; mestiços demais para procurar tanta pureza (...) (Paulo Ferraz, poeta)