Em Condenados corpos negros e outros poemas, o leitor encontrará o sentimento de repulsa e indignação gerada pela barbárie da escravização que marcou profundamente a população afro-brasileira. População cujas dores nasceram nos distantes entrepostos em que se comercializava a pele negra para ser escravizada e atender à cobiça de um sistema que se pautava pela desumanização dos corpos africanos. Corpos que percorreram o mar azul em tumbeiros mofados, que exalavam odor de sangue e jorravam lágrimas, que tingiam de vermelho e cinza os dias e as noites do Atlântico. Nos porões tumbeiros, os únicos sons eram das correntes e chibatas que marcavam a carne negra. E são essas marcas psíquicas e físicas que se perpetuam por séculos nos corpos negros segregados e estigmatizados por essa terra que insiste em criar muros e manter a invisibilidade da pele negra sem se envergonhar. Mas no decorrer dos séculos, os corpos negros criaram, reinventaram e construíram expressões artísticas, saberes e [...]