Este livro é um trabalho exemplar no estudo das complexas relações entre literatura e história. Neste caso, a análise de três romances indianos de língua inglesa vale como passaporte para um conhecimento amplo também da história da Índia moderna. Na pitoresca linguagem diplomática e da indústria cultural, a Índia é um país “emergente”, como o Brasil, a China e outros. Mas, pode-se perguntar: emergindo de onde? e para onde? O que resta, contudo, é que por aqui pouquíssimo, ou quase nada, sabemos sobre a Índia, seja sua literatura, seja sua história. A Praja do título é expressão precisa e preciosa colhida em texto do Mahatma Ghandi e implica o desejo de concretizar o ideal de uma Nação (Praja) para todos, integrando no subcontinente indiano as classes e as castas, as religiões e culturas, buscando superar as diferenças e desigualdades, constituindo uma unidade nacional moderna, sem discriminação nem opressão. É um sonho em processo, repassado de contradições e conflitos. São problemas candentes e atuais da Índia, que guardam inesperada ressonância com problemas das sociedades brasileira e latino-americanas, e não só porque seríamos emergentes em comum. A diferença nos une, apesar de tudo e das imensas distâncias...