Este trabalho partiu da hipótese de que o levantamento dos livros mais lidos pelo público brasileiro forneceria um perfil desse leitor, isto é, seria possível conhecê-lo por meio do levantamento dos temas que mais lhe despertavam interesse, quando esse sujeito propunha realizar o ato de leitura. A partir da detecção desse universo de leituras procurei observar então quais são os textos mais lidos pelo público brasileiro e, por meio do aparato teórico-metodológico da semiótica, examinei os mais representativos para chegar a um provável “perfil” desse leitor. Como é impossível caracterizar os leitores propriamente ditos, parti da hipótese de que a escolha que ele faz do que lê é reflexo de seus interesses, valores e desejos. Para poder traçar, portanto, um perfil do leitor brasileiro contemporâneo era necessário estabelecer um corpus que me fornecesse as informações das preferências desse leitor. Obviamente não há dados de registro do que se lê, nem das opções de leitura de grupos ou tipos de leitores. Sair a campo com um gravador debaixo do braço perguntando para as pessoas o que elas leem também não seria uma tarefa muito produtiva. Portanto, a única forma de obter dados sobre as preferências dos leitores comuns contemporâneos seria trabalhar com as listas dos livros mais vendidos que são publicadas em diferentes jornais e revistas brasileiros. Como pretendia então fazer o registro desses dados a partir da década de 1960, iniciei uma busca em algumas bibliotecas.