A sociedade brasileira há muito vive conformada com a prática da corrupção no setor público. Acredita-se na inevitabilidade da impunidade produzida por um sistema de sancionamento hoje enferrujado e cada vez menos de acordo com a complexabilidade das relações sociais e de seus desvios. Desde o início do processo de redemocratização do Brasil, no final da década de 1970, houve adensamento progressivo das denúncias de corrupção e também aumento da sensação de a corrupção ter se espalhado de forma desesperadora, tal como metástase social. O adensamento pode ser creditado em boa medida a uma verdadeira metamorfose sociocultural e comportamental de nosso povo, que ao acordar para o problema passou a buscar um outro nível de relações com seus governantes - com transparênci a e princípios éticos, com o fim de que se promovam com estratégias eficientes devida responsabilizações, com justas punições e ressarcimentos dos prejuízos à coletividade.