O que aconteceria se Noé, um visionário, por ordem direta de Deus, começasse a construir uma arca para salvar a si, a sua família e aos animais do dilúvio? E se Moisés, um místico que conversa com Deus entre raios e trovões, fosse contra a construção desta arca, alegando que a vontade divina era aniquilar a humanidade? E o que pensaria Deus, cujo desejo dessa vez é salvar apenas os animais, acompanhando do alto a trama que se desenrola na pequena cidade de Paraíso? No decorrer da narrativa surgem outros personagens: padre Juan, pároco da cidade, para quem a mentira e as mulheres representam os maiores prazeres; Eva, a bela mulher cobiçada pelo padre; Adão, marido de Eva, um garçom que nasceu sem uma das costelas e dom Quixote, que chega à cidade montado em seu Rocinante e é contratado por Noé para vigiar a construção da arca. O resultado é uma história hilariante e imperdível, que mistura realismo fantástico e crítica social. A falta de valores morais, a corrupção, o adultério, o desemprego, são abordados de maneira irreverente pelo autor. A barca dos animais prende a atenção do leitor do início ao fim, comprovando o talento de ficcionista de Rodolfo Motta Rezende que foi apresentado pelo editor Ênio Silveira como um dos mais talentosos escritores da contemporaneidade.