Poucas obras literárias conseguem entregar precisamente aquilo que seus títulos haviam prometido. O engano, por vezes, é parte do próprio recurso literário. Em outros casos, o título é apenas mais um elemento externo à obra em si, algo que se encontra na soleira, mas que nunca chega a adentrar completamente naquele universo ficcional. Publicada em 1828 de forma anônima Uma História Cotidiana realiza esse feito, pois o que está ali presente é uma história de cada [hver] dia [dag], uma história que, portanto, é cotidiana em todo seu sentido. Um noivado impulsivo e o pedido de um amigo fazem o narrador conhecer Maja, uma jovem que foi abandonada pelo noivo. O que poderia ser apenas um acontecimento cotidiano transforma-se em algo que irá definir o destino de todos. É assim que Gyllembourg constrói esta bela narrativa, pequenos acontecimentos, gestos que não daríamos importância por se repetirem todos os dias levam a momentos decisivos.