Sem dizer uma só palavra, Newton Hidenori Ishii, agente de Polícia Federal, Classe Especial, se tornou um ícone na maior operação policial contra a corrupção no país. À frente das escoltas de algumas das primeiras prisões da Lava Jato, como as dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, o servidor lotado em Curitiba chefe da carceragem por onde passariam nomes como José Dirceu, Antonio Pallocci e Eduardo Cunha começou a chamar a atenção da imprensa e do público pela fisionomia sempre circunspecta: nascia o icônico Japonês da Federal. As histórias por trás dos indefectíveis óculos escuros, entre elas revelações em primeira mão sobre o dia a dia atrás das grades de políticos e empresários, estão em O carcereiro O Japonês da Federal e os presos da Lava Jato, livro do jornalista Luís Humberto Carrijo. Em 2016, à frente da agência de comunicação que cuidava da assessoria de imprensa de uma entidade que representava os policiais federais, Carrijo intermediou e acompanhou uma entrevista de Newton ao repórter britânico Jonathan Watts, do jornal The Guardian. Ao longo da conversa, se deu conta de que, para além de um rosto emblemático da Lava Jato, o Japonês da Federal era um baú de revelações surpreendentes e testemunha viva de aspectos ainda inexplorados pela mídia. Depois disso, durante dois anos, Carrijo foi diversas vezes a Curitiba, produzindo o livro entre encontros com um entrevistado formal e evasivo diante do gravador mas falante e sem papas na língua ao falar em off.Responsável por conduzir alguns dos principais presos da Operação Lava Jato, Newton Ishii se tornou conhecido em todo o país como "o Japonês da Federal". Em O carcereiro, que chega às livrarias em julho pela Rocco, o jornalista Luís Humberto Carrijo traça um perfil do agente federal recém-aposentado, além de trazer suas impressões sobre a operação e vários de seus personagens, dentro e fora das celas. Como chefe da carceragem por onde passaram nomes como Eduardo Cunha, Antonio Palocci, José Dirceu e Léo Pinheiro, Newton acumulou histórias que revelam a adaptação de antigos caciques políticos e megaempresários ao dia a dia atrás das grades, bem como suas confissões sobre as engrenagens das falcatruas no Brasil. A obra conta ainda com entrevistas exclusivas de quatro condenados pela Lava Jato, o empresário Adir Assad, o doleiro Alberto Youssef, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, e um apêndice com dados como uma linha do tempo e os impressionantes números da investigação iniciada em 2014.