Leve e densa, oscilando entre a diversão e a tensão - elementos dados pela própria linguagem do samba -, esta análise, que se fez em meio a notas musicais, rimas e refrãos, traduz o embate entre o tradicional e o moderno, entre a "cidade civilizada" da Avenida Rio Branco e a "Pequena África" encravada na ondulação dos morros, entre o sambista "bem comportado" e bem trajado a "redimir" o samba e o sambista "marginal", de chinelos e camiseta, imagem da favela, da negritude e da malandragem, síntese de seu "desprestígio". Numerosas porque necessárias, as aspas são reveladoras de que nos bastidores do samba tratava-se uma árdua luta, sem choro nem vela por reconhecimento social e valorização comercial da música que era entendida como símbolo da brasilidade.