A psicanálise de crianças, tomada como especialidade, é um sintoma do analista, é produto de um saber sobre a criança como lugar fantasmático na teoria psicanalítica. Contudo, o fato de que não haja especialidade, a meu ver, não apaga as diferenças. Não é possível tratar uma criança como a um adulto. Se afirmamos que descremos da especialidade na psicanálise, qualquer que seja ela, é porque reconhecemos que há especificidade. Especificidade na pratica da psicanálise para decidir as intervenções do analista. Certa vez uma mãe me consultou para sua filha, uma menina com "problemas de integração". Era uma mãe dedicada com afinco a dar a sua filha "tudo de melhor". A "melhor escola", "o melhor quarto da casa", "a melhor roupa" e assim sucessivamente. Na entrevista, ela me pergunta se eu era especialista em crianças... Respondi que sim, que fazia muitos anos que atendia crianças. Também lhe perguntei se buscava uma especialista em crianças para sua filha, ou se sua filha só cabia num lugar especial.