A poesia é a tentativa de encontrar as profundezas da alma. Na dialética entre leitor e poeta, nada mais intenso do que as múltiplas revelações oriundas de lentes interpretativas íntimas que emergem da trama não desenhada pelos sentidos. Centelhas poéticas é o deitar na rede, o viajar na natureza, a nostalgia em palavras, o amor sem réguas, a família em pureza, o repouso silencioso, o encontro entre corpo e alma, enfim, o cotidiano em versos esplêndidos. Poetizar em dias tão duros de modernidade líquida é uma tentativa de nos reencontrar no âmago da nossa humanidade e alteridade. Essa é a função desses versos: desmaquinar e descoisificar quando tudo é máquina e coisa. É não descobrir, mas viver o gosto intenso do miolo! Como diria Manoel Barros: Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas. Consegui não descobrir. Tente não descobrir esses versos, mas absorvê-los.