Organizados por Clarissa Nunes Maia, Flávio de Sá Neto, Marcos Costa e Marcos Luiz Bretas, os dois volumes de Histórias das prisões no Brasil trazem uma inédita contribuição da academia para a reflexão sobre um tema espinhoso desde os tempos coloniais: o cárcere e o sistema prisional brasileiro. Reunindo, pela primeira vez, pesquisas originais e trabalhos monográficos produzidos em universidades de todo o país, a presente obra recupera os sentidos históricos da prisão no Brasil e enriquece o atual debate sobre violência e segurança pública. Ao tratar da detenção como um produto social, construído e reconstruído ao longo da história, os pesquisadores incluídos nesta coletânea provam que conhecer a prisão é compreender uma parte significativa dos sistemas normativos da sociedade brasileira ao longo dos últimos séculos. Comparando o sistema carcerário nas diferentes regiões do país e apontando suas diferenças e semelhanças, jovens historiadores e renomados estudiosos produzem um conjunto heterogêneo de reflexões sobre as formas de controle social na história do Brasil. Embora existisse como forma de reter os indivíduos desde a Antiguidade, a criação da pena de encarceramento é identificada apenas na Idade Moderna, por volta do século XVIII, como elemento-chave de importantes mudanças acontecidas no sistema penal do Ocidente. A punição seria desde então marcada pela racionalização da pena de restrição da liberdade. Todas as instituições que tinham por finalidade administrar a vida de seus membros, ainda que à revelia destes - como internatos, conventos, hospitais, quartéis e fábricas -, seriam os protótipos das prisões, que nasciam destinadas às funções de punir, defender a sociedade e corrigir o delinquente.