"Não se deve nunca esgotar de tal modo um assunto, que não se deixe ao leitor nada a fazer. Não se trata de fazer ler, mas de fazer pensar" (Montesquieu). O mundo atual assiste às mais diversas quebras de paradigmas. Consta, por várias razões, algumas questionáveis, outras demonstradas, que a História da Maçonaria é a própria história da evolução da humanidade. Mistérios e dogmas sempre regularam parte das diversas associações representativas. Os seres humanos, atrelados aos ideais de poder, gostam de solenizar atos. Assim, a Maçonaria parece ser reconhecida como cenário útil ao desenvolvimento dos povos. Ela foi e é razão de variados estudos. Edlamar Provesi, honrou-me com o privilégio de ler, compreender e valorizar a presente obra, indicativa de uma "nova" Ordem Maçônica, sob a ótica do Direito. E, na condição de pesquisador jurídico, envolvido no magistério superior, entendemos que este trabalho é uma peça de mosaico, artisticamente desenhada. A honestidade dos detalhes pesquisados torna impressionante o produto final. São raros os que possuem o discernimento proporcionado pela pesquisa realizada. O texto em causa faz exposição de acontecimentos históricos, comportando entendimentos controversos. Quem é comprometido com os ideais da Justiça e do Direito jamais se acomoda perante condições excludentes. Aqui não serão encontradas afirmações isoladas, mas sim, conectadas ao sistema jurídico nacional e positivamente concebidas. Na evolução da Sociedade, a interpretação das normas deve ser consciente e cuidadosamente ampliada. O subjetivismo do passado dá lugar aos novos direitos individuais e coletivos. Houve um tempo em que a mulher era considerada incapaz. Os legisladores de então não previram o advento das épocas futuras nas quais a mulher, sem perder o charme, se transformaria na expressão de igualdade modelar. Homem e Mulher estão fundidos, sendo impossível separá-los como sujeitos de Direito. Ao invés do comodismo e da simples concordância, quem ler as páginas seguintes poderá adotar critério racional, praticando os preceitos de liberdade do pensamento. Na maioria das vezes aprendemos pelas exceções e não através das regras. Portanto, a provocadora temática de Edlamar Provesi é conveniente. É obra pioneira porque torna público, sem desmerecer compromissos consagrados, um assunto considerado inquebrantável. O grande problema será coadunar a proposta sob a égide dos preceitos da tolerância e do ritualismo obediente. No fundo, este trabalho, composto por quatorze capítulos sustentados harmoniosamente, é mais que simples relato. É valiosa proposta que pretende estabelecer a supremacia de todos os seres vivos nascidos de mulher, mediante a eliminação de quaisquer restrição ao sexo, na conservadora esfera Maçônica. A atual obra pode ser considerada como história do pensamento jurídico na seara interna da Maçonaria. Ela demonstra o caminho histórico, retratando o infinito valor da Natureza como inesgotável fonte de igualdade, legal e moral, entre o homem e a mulher. A correlação entre o Direito e a Maçonaria enseja a lógica científica quantificada por Edlamar Provesi, que traçou a linha evolutiva de uma entidade reconhecida, em contraponto com o fenômeno social e a expressão fracionária que exclui a mulher da Sociedade Maçônica. A discussão em torno da questão apresentada é uma opção que engrandecerá a Maçonaria, o Direito e os fundamentos voltados à eficácia de comportamentos mais úteis e justas, ainda mais que na lição de Max Weber, "toda experiência histórica confirma esta verdade: o homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível". Está lançada a semente jurídica.