Dois mil anos de harmonização transformaram o subversivo Deus do deserto, Javé, num Deus caseiro domesticando, bom para casamentos e feriados nacionais. Os poderosos respiram aliviados e a geração jovem afasta-se. Mas enquanto eles ainda negociam o preço dos seus templos de ouro, nas suas costas os pobres do Terceiro Mundo redescobrem Deus. O Deus verdadeiro, incômodo, o Deus de Moisés e dos Profetas que cheira a esterco de cabrito, o Deus de Jesus de Nazaré, o Deus anti-convencional, indomesticável, e da Bíblia. Mostrar Deus como libertador, e sem interesse pelo poder dos poderosos nem pelos templos do poder, é o objetivo deste livro. Mostrar do ponto de vista de uma Teologia latino-americana, que se chama libertadora. E é admirável, é espantoso constar como, nesta perspectiva, as velhas, empoeiradas histórias da Bíblia subitamente assumem uma atualidade agressivamente nova.