Os americanos reagiram ao 11 de Setembro com fé. Atacados em nome de Deus, procuraram conforto em Deus... Sam Harris teve uma outra reacção: no dia 12 de Setembro, começou a escrever um livro... Em «O Fim da Fé», Sam Harris propõe-nos uma viagem histórica da qual emerge a nossa propensão para suspender o uso da razão em prol das crenças religiosas, mesmo quando estas inspiram as piores atrocidades humanas. Harris defende que, face à proliferação das armas de destruição maciça, não podemos esperar que a humanidade sobreviva indefinidamente às divergências religiosas. A fé é apresentada como a principal fonte de violência mundial, na medida em que é ela que lança as bases para a intolerância dogmática e que «justifica» o tratamento inumano das populações que professam (ou que não professam) outros credos. A «moderação» religiosa ou ateísta é igualmente contestada, pois contém em si perigos consideráveis. Já nos acostumámos a viver numa sociedade em que a fé não é questionada e se encontra protegida numa espécie de santuário, abrigada do debate público e alheia aos critérios de análise próprios da razão humana. Sam Harris escreve no "Posfácio": "Para qualquer pessoa com olhos de ver, não restam dúvidas de que a fé religiosa continua a ser uma fonte permanente de conflito entre os seres humanos."