Você provavelmente já presenciou ou ouviu que alguma vez algum professor ou professora rezou um pai-nosso ou ave-maria em sala de aula. O que dificilmente deve ter ouvido é de algum professor entoar ponto cantado de umbanda, louvaria de jurema ou orin do candomblé. A escola, à qual, além do ensino técnico, a sociedade delega a educação e formação cidadã, tem religião própria, longe da laicidade de nossa Constituição Federal. Em nossas cédulas encontramos Deus seja louvado e, em partições públicas, não raro, imagens de santo ou cruz, e a laicidade só é evocada quando o diferente, no caso qualquer religião que não judaico-cristã, e mais especificamente as afro-brasileiras, recebe alguma visibilidade, ocupando espaços sócio-historicamente cristãos. Esse apagamento, desde a raiz, isto é, na infância e juventude dos alunos, não ocorre sem violência e, consequentemente, traumas sociais de que toda a sociedade é responsável.