Eu morria de medo dele. Em minha infância, eu costumava ir com a família para o nosso sítio. Eu não gostava. Queria ficar na cidade, reclamava que não tinha TV, que era tudo muito parado. Tudo muito… real. A vida ali era constantemente presente. Os insetos, os cavalos, as galinhas, as vacas, o Tacoa. Tacoa era o nosso cachorro. E eu morria de medo dele. Lembro de ele se aproximar de mim, me olhar, e eu me afastar. Alguma coisa nele não me permitia chegar perto. Um dia, o Tacoa morreu. Alguns dias após a sua morte, olhei para meu avô e disse que ia ao banheiro. Mas eu fui pra horta. Me lembro de tocar no pedaço de pau que marcava onde fora enterrado. Me lembro de chorar. Me lembro de sentir saudade. Quando ele era vivo, eu tinha medo. Mas agora eu sinto saudades. Sinto… amor. Por ele. Cresci em um lar que tinha afeto, mas havia pessoas nesse lar que não me davam amor, e isso me fechou. Mas esse animalzinho era tão genuíno na demonstração dos seus sentimentos, que eu não sabia lidar.