Georges Poulet é o maior expoente da Escola de Genebra, celebrado grupo de críticos que inclui, entre outros, Marcel Raymond, Jean-Pierre Richard e Jean Starobinski. Para Poulet, a crítica se desenvolve como uma literatura sobre a literatura, uma espécie de prolongamento e aprofundamento da poesia. A crítica é uma tentativa de realizar o encontro entre duas consciências; a citação é, para isto, a matéria-prima por excelência, mas a linguagem do crítico vai além da mera duplicação. O que Poulet persegue é o Cogito, a fundação do pensamento de um autor. Essa busca se dá por uma série cada vez mais refinada de distinções e clarificações, norteadas sempre pela vontade de salvar, a qualquer custo , a subjetividade na literatura. Um dos leitores mais enciclopédicos de nosso tempo, Georges Poulet é o autor de Études sur le Temps Humain, obra magistral, em quatro volumes, abordando autores da Renascença à época moderna. Já esses Estudos, de 1950, incorporavam um ensaio sobre Proust, e Poulet voltaria em diversas ocasiões a examinar a obra completa do autor de Em Busca do Tempo Perdido. Publicado pela primeira vez em 1963, O Espaço Proustiano é um exemplo conciso e profundo das qualidades de Poulet como leitor. Para Poulet, o romance de Proust revela um pensamento que é, na verdade, oposto ao seu suposto inspirador, Bergson.