Liliana Segre, nascida em Milão em 1930, é uma das últimas testemunhas da Shoah. De família judia não praticante, em fevereiro de 1944 foi deportada para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkanau. No campo, perdeu o pai e os avós paternos. Em janeiro de 1945, fez parte do "cortejo de fantasmas" que os nazistas obrigaram a caminhar de campo em campo, à noite, para escondê-los aos olhos do mundo: a marcha da morte. Libertada nos arredores de Ravensbrück, no dia 1o de maio de 1945, regressou a Milão quatro meses depois. Um casamento feliz e o nascimento de três filhos restituíram-lhe o amor pela vida. O longo silêncio da sua adolescência como prisioneira interrompeu-se em 1990, quando decidiu tornar-se testemunha pública da Shoah, para que a memória da história fique alerta para o futuro. Nesta obra, Liliana conta em detalhes o seu dia a dia no campo de concentração de Auschwitz, a sua percepção sobre os outros prisioneiros e prisioneiras, as perdas sofridas e o sofrimento pelo qual passou. Impressiona-nos a sua ausência de ódio, o seu amor à vida, a sua capacidade de perceber os sinais de vida mesmo em lugares de morte. Contudo, neste livro há também o testemunho de como é alto o preço psicológico pago para conseguir superar tantos horrores e fazer deles objeto de testemunho.