O livro O instinto de americanidade na poesia de Fagundes Varela é o resultado de uma dissertação de Mestrado realizada entre os anos de 2001 e 2003. De lá para cá fiz poucas alterações no material. A pesquisa é apresentada aqui com os defeitos e limitações da época em que, com meus 22 anos, tinha a ambição e certa arrogância em conhecer a fundo a literatura brasileira produzida no século XIX. O estudo, que ora público sobre Fagundes Varela, representa para mim uma fase de transição: deixava definitivamente os trabalhos de servente de pedreiro e pintor na pequena cidade de Palmital-SP e passava a ser um pesquisador iniciante com bolsa da FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Acredito que, por esses inícios de 2000, a Universidade começou sua fase de democratização do ensino, passando a ocupar seus bancos grupos sociais advindos das classes C e D, até então, marginalizados pelo ensino público brasileiro ainda muito elitista. Tinha, então, o privilégio de adentrar o mundo da pesquisa, orientado pelo professor Doutor Luiz Roberto Velloso Cairo, que, com paciência, dera espaço para minhas impressões sobre o Romantismo brasileiro. Ali começava a se desenhar um caminho, que devido minha formação em Letras-Português/Espanhol, inevitavelmente, levou-me a olhar a literatura brasileira, desde o século XIX, em comparação com a literatura hispano-americana. Surgia naquele exato momento, o que ainda hoje para mim é um grande desafio, a necessidade de pensar o Brasil como parte integrante da América Latina. O olhar comparatista foi deslocado da Europa e passei a realizar o que chamo de um comparatismo interamericano.