A teoria da evolução não surgiu de uma única vez, pronta. Antes de Alfred Russel Wallace e de Charles Darwin, Lamarck havia começado a desmontar a idéia de que as espécies eram fixas. Isso é muito mais que um problema biológico correspondia quebrar um paradigma filosófico, que está ligado à idéia de um mundo ideal e que aqui, no mundo físico, os indivíduos de cada espécie são cópias do tipo ideal sempre igual da espécie. Mais adiante, Wallace e Darwin deram uma explicação consistente para esse processo e propuseram idéia de que as espécies atuais se conectam materialmente em espécies ancestrais. Há várias outras contribuições importantes entre esses dois momentos.As implicações da teoria da evolução, igualmente, não surgiram de uma única vez. Um dos exemplos mais claros desse fato é que demorou quase cem anos a partir da proposição de que há uma filogenia para que fosse proposto um método de determinar qual foi a filogenia, o que ocorreu apenas com Willi Hennig, em 1950. Aparentemente, ainda se está longe de esgotar o potencial de implicações da teoria da evolução da pesquisa ao ensino.Este livro, Métodos Filogenéticos Comparativos, mostra algumas das conseqüências importantes da idéia de evolução, abordadas com ferramentas modernas de análise. Se a evolução fosse regular na produção de eventos de cladogênese, as filogenias seriam simétricas a maioria absoluta das filogenias são assimétricas ou fortemente assimétricas. Por outro lado, se a evolução fosse regular em termos anagenéticos, dada uma filogenia, a diferenciação dos ramos deveria seguir um padrão semelhante ao movimento Browniano. Ou seja, uma evolução completamente neutralista deveria resultar em um afastamento regular das espécies ao longo da filogenia. A ausência dessa regularidade torna necessária uma explicação de causalidade em última instância, de seleção. Essa verificação pode ser feita matematicamente e o teste inverte uma tendência de muitas décadas de partir do princípio de que tudo foi por seleção, sem haver como testar a hipótese nula.Esse é o ponto de partida de toda uma área nova na Biologia Comparada. Há, atualmente, uma série de tratamentos matemáticos conjugando a metodologia filogenética, genética de populações e estudos estatísticos. Essas análises tentam de várias maneiras mensurar a diferenciação anagenética sobre filogenias. Uma área bastante nova, com menos de 20 anos de desenvolvimento, este livro procurar tornar acessível a alunos e pesquisadores interessados o conhecimento desenvolvido na área ao longo dos últimos. Essa área certamente deverá mudar algumas das facetas dos estudos filogenéticos nos próximos anos.