"A experiência indizível exibe uma que percorre todo o escrito: a de apresentar o projeto crítico do Tractatus do ponto de vista de algumas afinidades e contrastes com o idealismo transcendental de Kant e, em especial, o de Schopenhauer. A principal afinidade está na operação comum de uma cisão que institui o ponto de vista transcendental: a distinção entre o que pode ser dito e o que só pode ser mostrado em Wittgenstein; entre representação e vontade em Schopenhauer; e entre fenômeno e coisa-em-si em Kant. O principal contraste consiste em que, diferentemente do que ensinam as obras dos mestres idealistas, não há, nem poderia haver lugar para uma teoria do conhecimento no sistema do Tractatus. Por constituir-se em uma metafísica das relações internas entre o eu, o mundo e a linguagem, o solipsismo transcendental do Tractatus L que se enraíza na metafísica do belo de Schopenhauer L acarreta a completa dissolução de todo o campo conceitual no qual a modernidade viu florescer a epistemologia."