A corrupção suprema. A loucura do poder acima de todos os limites. Acima da presidência da República, da ditadura absoluta. Acima do rei e do próprio Deus. No ponto mais alto do lugar onde se assenta a força maior de todos os deuses reunidos, é lá que Autran Dourado mergulha no romance “A serviço del-Rei”. João da Fonseca Nogueira, inocente “futuro grande escritor” que não conseguiu ir muito acima da média, sonhava com a utopia anarquista na pacata Duas Pontes, cidadezinha do interior mineiro. Saturniano de Brito, esperto e corrupto senador que sonhava ser presidente da República, conseguiu atraí-lo para o seu bando, como assessor de imprensa e autor dos seus discursos. A partir desse ponto, o próprio João começa a mergulhar nas lamas da política, que Autran Dourado vê com extremo pessimismo. O autor prova que o grande romance continua vivo e em pleno processo de produção, por muito que o mundo, ou o mercado, tente dar voltas ao contrário.