Toda revolução começa no corpo. Revolução: gabriela efigênia farrabrás. Eu a saúdo, pois chega em hora exata este corpo-livro revolucionário. e eu prometo/um dia chego: promessa cumprida, memória de futuro. Um corpo é sempre exato em sua hora: vasculho-o porque ela assim me confiou. E porque víboras conhecem os túneis que levam ao de-dentro. Obreira de si, a poeta não se economiza no verso: ontem/tentei me matar//hoje pintei as unhas/de preto//as banalidades seguem. É a vida rompendo do, no e com o passado. Os versos finais de cada poema sustentando o edifício todo. Laborar o pharmakon-palavra. Pintar as unhas, tomar sol, lavar louça, cozinhar: que força sustenta os fazeres — batalhas diárias de uma fêmea adoecida? Quanto dessa força destina-se a dis-trair a morte? gabriela coloca nesta obra toda sua força. É Iansã essa que vejo a um lado? E do outro, cujo nome não se diz mas teve a pele queimada? Atrás, a legião: me multiplico em duas/e (...)