Este livro trata daquela "Grande Utopia" que ainda hoje causa mais veneração que ira. Em seu nome, escravizaram-se os trabalhadores em nome da classe operária; elevaram-se traição e denúncia a virtudes revolucionárias; em nome da "verdade objetiva", da mentira, fez-se ciência, e a realidade substituiu-se pela ficção; eliminou-se a memória das pessoas e reinventou-se sua história, enquanto se lhes assegurava estarem justamente a "fazer história"; em nome do internacionalismo, isolou-se o país do mundo; em nome da liberdade, roubaram-se a milhões de pessoas sua dignidade pessoal e o avanço moral; finalmente, assassinaram-se, com consciência limpa, centenas, milhares, centenas de milhares de pessoas, atiraram-nas em covas rasas, toda manhã se as queimavam em crematórios das capitais ou se as enterravam, isoladas, na paisagem - em nome da humanidade e de seu progresso.