Trata-se de mais um romance sem pretensão de demonstrar a veracidade de minhas teses. Creio conhecer bem a vida em todas as suas circunstâncias, pois onde e como existiam ambientes onde se vivia e se atuava, lá estava eu bem no meio do fervo. Só lamento nunca ter conseguido me eleger nem vereador da minha cidade, a ponto de não conhecer o ambiente parlamentar. Sei perfeitamente que em regra os jornalistas sabem mais que eu - um mero curioso do mundo de Deus -, pois muito ouvem por aí. Mas devo também dizer que muitas mentiras são ditas a eles. Conheci jornalistas que - suponho dizerem dentro de boa-fé o que mesmo sabem - estavam fora da realidade, justamente devido a tal verdade. Imbatíveis seriam jornalistas escritores que tivessem atuado num parlamento. Mas cabe perguntar se um romance deve efetivamente retratar a vida como ela é ou se podemos ali nos entregar a devaneios e a nossos sonhos. Como apreciei filmes na década de 1950 - especialmente musicais - que nos levaram a sonhar e rir. Acontece, em verdade, uma estranha contradição. Quem não conhece a dura realidade da vida, sujeito a desemprego e não aceitação de parte da sociedade não quer ver confirmados sonhos e facilidades. Mas será que reproduzi efetivamente a vida? Confesso que já elogiaram muito os diálogos apresentados em minhas obras, mas na realidade tenho imensas dificuldades de conversar com alguém. Não sei se consegui disfarçar esse fato que lamento muito.