O movimento Guarulhos tem História, fundado em 19 de abril de 2005, tem como objetivos inventariar a produção histórica da cidade, promover debates e entrevistar antigos moradores, sistematizar o processo de expansão econômica e da ocupação humana na localidade, mapear o patrimônio natural e cultural, bem como elaborar e publicar estudos que fazem a relação entre história local e história geral, batalhando para que haja a introdução do ensino de história local no calendário escolar, além de outras disciplinas. De modo geral, a lógica do ensino no Brasil é a de estudar os grandes fatos do País, do continente e do mundo, porém desvinculados dos acontecimentos locais. A história dos lugares onde as pessoas moram - municípios, distritos, vilas, povoados, bairros, ruas, fazendas, regiões, serras, bacias hidrográficas etc. - não é abordada no ensino escolar. É como se a maioria dos lugares onde as pessoas habitam não tivesse sido palco de acontecimentos históricos. Isso não é uma brutal contradição historiográfica? O problema não reside exclusivamente na falta de publicações; a produção historiográfica em São Paulo, por exemplo, é ampla, e mesmo assim não se ensina história local. Qual o nó da questão? De forma objetiva, constatamos o problema na organização do currículo escolar nacional e na produção dos livros didáticos voltados para atender tal currículo. O currículo escolar brasileiro destina-se a ensinar a história geral, essencialmente a história tradicional. Não queremos, a partir dessa constatação, negar a importância do ensino de história geral. Ao contrário, entendemos apenas que seja necessário introduzir no currículo escolar o ensino de história local e até mesmo regional. É preciso superar a fragmentação; ao propor a inclusão da história local no sistema de ensino, abre-se a perspectiva para compreendermos a história em sua plenitude. História como síntese que envolve o estudo dos acontecimentos locais inseridos numa totalidade. Pensamos que é necessário um mutirão nacional para registrar a memória local e para a produção de publicações adequadas que superem a fragmentação atualmente existente. Além disso, é necessário que haja a capacitação de pessoas e a inclusão no currículo escolar de matérias que versem sobre os lugares onde as pessoas habitam. A iniciativa do movimento Guarulhos tem História soma-se às muitas experiências existentes em vários cantos do Brasil e de outros países. O bom de tudo isso é saber que não somos os únicos que pensamos dessa forma. Outra convicção é a de que só podemos respeitar e proteger aquilo que conhecemos. Nesse sentido, será que a introdução do ensino de história local não é o melhor caminho para a preservação do patrimônio cultural e ambiental das cidades?