Esta outra margem da Europa - o Atlântico - sugere-nos a indiscutível descontinuidade material que nos conduz a Oeste, à lonjura incomensurável do Oceano. Este mesmo Oceano que pode ser entendido mais com uma articulação, mais com um elo, do que como um limite intransponível. Mas esta extremidade ocidental faz parte de um conjunto mais vasto. E se é um dado adquirido que o Oceano Atlântico é uma margem natural do continente europeu, as hesitações e opiniões dividem-se sempre que se trata de precisar a Leste até onde se estendem os limites da Europa a partir das suas margens oceânicas. (...) Todavia, mais do que as fronteiras geográficas, as mais difíceis de definir são as da identidade. Quem se sente Europeu sente-se Ocidental? Ora, como conjugar estas duas identidades em coexistência, a europeia e a atlântica? Pese embora a partilha da maior parte dos valores, esta simbiose identitária entre europeidade e ocidentalidade culturais, entre europeísmo e atlantismo políticos, faz-se diferentemente nas várias partes da Europa. (...) A Europa é ainda um espaço a fazer, a Europa é um território que se faz.