Já na primeira metade do século passado, Mário de Andrade celebrava que os poetas posteriores ao Modernismo haviam conquistado o direito de errar, ou seja, a possibilidade de investigar novos caminhos, mesmo que acidentados, longe de segurança da tradição. Estar sujeito ao erro, longe de ser uma deficiência, é uma virtude do poeta, o que há de ter, décadas depois, inspirado Augusto de Campos, ao transpor seus poemas para o suporte musical, a acrescentar de maneira sintética, poesia é risco. Atento à polissemia dessa expressão, Pansani intitula seu novo livro justamente de Poesia é risco, o que não apenas nomeia um conjunto de poemas, mas insere seu autor nas fileiras dos poetas que desafiam a convencionalidade. Ele próprio aponta o caminho ao sinalizar: preto riscando o mundo branco: propondo uma coisa nova. Aí está a síntese de sua poética, extrair novos poemas de poemas prévios. Trata-se de um procedimento conhecido como blackout, que consiste em ocultar partes de um texto, (...)