John Kennedy é um político pouco talentoso que não resiste a um rabo-de-saia. Howard Hughes, um paranóico drogado. Sinatra, traído pela mulher Ava Gardner, participa de festinhas de embalo. Quando vistas pelos olhos de James Ellroy em Tablóide americano, nenhuma dessas ou qualquer outra figura da política ou do showbiz americano escapa incólume. No primeiro livro da trilogia Submundo USA, o consagrado autor de Los Angeles — cidade proibida reconta a história americana recente de uma maneira bem particular, não deixando pedra sobre pedra.No fim dos anos 50, enquanto Robert Kennedy investiga a Máfia, o FBI investiga seu irmão Jack, a CIA investiga todo mundo e todos lutam com todas as armas contra o comunista Fidel Castro, que acabara de tomar o poder no então paraíso dos prazeres proibidos: Cuba. A trama, violenta e emocionante, mistura bandidos, ex-policiais, políticos, milionários, astros do cinema e todo tipo de personagem capaz de se envolver, mesmo rapidamente, em atos mais ou menos ilícitos, da prostituição ao assassinato, passando por invasão de privacidade, corrupção, tráfico de influências e de heroína. Até Kennedy é flagrado tomando drogas nas veias.Apesar de certas imagens chegarem à beira do absurdo, é tudo absolutamente verossímil. Muitas coisas podem ter acontecido como Ellroy descreve no livro (o recrutamento de refugiados cubanos para combater Castro, operações da CIA financiadas ilicitamente, as puladas de cerca de Kennedy ou a loucura de Howard Hughes), com acréscimo de um ou outro personagem. Tablóide americano — ilustrado pelo quadrinista paulista Lourenço Mutarelli e com projeto gráfico de Glenda Rubinstein — desmascara a hipocrisia americana e mostra um país com entranhas corroídas pela corrupção. Uma América que, como sereia, seduz os homens com seus encantos e depois os atira sobre as pedras. O estilo seco e duro de Ellroy, considerado por muitos o maior autor de histórias policiais da atualidade, torna a história ainda mais emocionante. Tablóide americano ultrapassa as fronteiras do gênero e desponta como um dos melhores e mais impiedosos retratos dos EUA jamais feitos. Uma obra-prima perfeita para fazer parte da Coleção Negra, dedicada aos maiores mestres da literatura policial. “O maior escritor policial de nossa época, talvez de todos os tempos.” — Newsweek “Estilhaços narrativos que, unidos com uma coerência exemplar, formam uma história cativante desde os primeiros capítulos. É literatura policial, e das boas.” — Folha de S. Paulo