Confira o texto da orelha da obra, escrito por Cibele Rizek, doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo. "Dispositivos urbanos e trama dos viventes: ordens e resistências não é um livro que se propõe oferecer soluções para as questões que aborda. Tampouco permite uma rápida e cômoda leitura das dimensões que se propõe analisar. Como coletânea, não se organiza no formato mais comum, que abriga leituras desconectadas com olhares nem sempre organizados por perspectiva semelhante. O que se pode afirmar, a partir da ótica de seus organizadores, é que cada uma das abordagens escolhidas para sua composição problematiza seu objeto como questão social: medo, racismo, segregação etc. Esta publicação é resultado de um colóquio que apresentava o mesmo título instigante, cuja referência remete claramente ao pensamento de Foucault. Em seu ponto de partida, a ideia de dispositivo pensado como cruzamentos e agenciamentos heterogêneos de relações de poder e de saber que se desdobram sobre uma situação: o urbano e seus contextos, suas multiplicidades, seus modos de organização da vida, a produção de desigualdades e da precariedade que aí têm lugar e se tornam visíveis. Michel Agier, Vera Telles e Michel Misse foram convidados a abrir o colóquio - e, por consequência, o livro, debatendo os resultados de sua trajetória de pesquisa. Ofereceram alguns dos parâmetros que ganhariam forma nas três mesas-redondas que acabaram por compor as três partes do livro. Seus títulos, em si mesmos, mereceriam um comentário porque explicitam um conjunto de elementos contemporâneos das cidades e das condições de vida. Como se pode ver, são sugestões eloquentes e se compõem da forma que se segue - entre o legal e o ilegal: práticas e discursos sobre o urbano; presos do lado de fora: periferias, quilombos, favelas e ocupações; experiências de terror: revelação e ocultamento. A transversalidade e os sentidos das experiências aqui relatadas e analisadas, os elementos de tangência e de conexão que se entreveem a partir da leitura dos diferentes textos, a constelação que se desenha a partir desse conjunto de pesquisas e de reflexões analíticas apontam para bem mais do que dimensões episódicas; apontam para a constituição de uma ordem globalizada que ancora e produz subalternidades, precarizações, impossibilidade de absorção de contingentes de população no quadro de uma vida urbana digna, gerando territorialização e gestão da pobreza que é menos exclusão do que inserção. A partir desses mesmos territórios e condições - favelas, periferias, espaços segregados e prisões "do lado de fora", esses viventes se inserem em circuitos econômicos "opacos", em redes que atravessam escalas locais e mundiais. Alvos de extermínio, criminalizados, acusados de irregularidades de todos os tipos, objetos de violências silentes e altissonantes, bem como de administração e gestão cruzadas, são atores de formas de resistência, crivados e atravessados por agenciamentos e tramas de poder e relações. Por seu intermédio é a vida social em sua riqueza e complexidade que ganha densidade descritiva e incita à análise, à reflexão, à apreensão de seus ordenamentos como produção e reprodução desnaturalizada e problematizada. Ao longo de seu desenvolvimento, pela leitura dos textos encadeados, o livro acaba cumprindo o destino das melhores leituras que se originam da pesquisa e do esforço analítico das Ciências Sociais."Este não é um livro que se propõe oferecer soluções para as questões que aborda. Tampouco permite uma rápida e cômoda leitura das dimensões que se propõe analisar. Como coletânea, não se organiza no formato mais comum, que abriga leituras desconectadas com olhares nem sempre organizados por perspectiva semelhante. O que se pode afirmar, a partir da ótica de seus organizadores, é que cada uma das abordagens escolhidas para sua composição problematiza seu objeto como questão social: medo, racismo, segregação etc. Esta publicação é resultado de um colóquio que apresentava o mesmo título instigante, cuja referência remete claramente ao pensamento de Foucault. (...) Ao longo de seu desenvolvimento, pela leitura dos textos encadeados, o livro acaba cumprindo o destino das melhores leituras que se originam da pesquisa e do esforço analítico das Ciências Sociais.Este não é um livro que se propõe oferecer soluções para as questões que aborda. Tampouco permite uma rápida e cômoda leitura das dimensões que se propõe analisar. Como coletânea, não se organiza no formato mais comum, que abriga leituras desconectadas com olhares nem sempre organizados por perspectiva semelhante. O que se pode afirmar, a partir da ótica de seus organizadores, é que cada uma das abordagens escolhidas para sua composição problematiza seu objeto como questão social: medo, racismo, segregação etc. Esta publicação é resultado de um colóquio que apresentava o mesmo título instigante, cuja referência remete claramente ao pensamento de Foucault. (...) Ao longo de seu desenvolvimento, pela leitura dos textos encadeados, o livro acaba cumprindo o destino das melhores leituras que se originam da pesquisa e do esforço analítico das Ciências Sociais.